“O homem é a medida de todas as coisas” – Esta premissa de Parmênides traduz a pretensão do homem em relação a todas as outras coisas e vidas. De fato, é o homem quem nomina, classifica e determina tudo que o rodeia. Este é o mundo humano, o mundo que conhecemos e a vida que vivemos. Uma necessidade de controle total sobre o nosso habitat com a mais antiga e poderosa das justificativas: nossa sobrevivência.
Tudo parte e está em referência ao homem. Este é o nosso legado. O homem, o centro do universo. É assim que pensamos e é assim que sentimos. Eu, você e todos os elementos desta espécie que compomos.
Uma espécie curiosa e estranha. Ao mesmo tempo racional, mas que sente. Predadora, é incapaz de lidar com a própria finitude e, assim, colabora. Desenvolve capacidades para garantir sua permanência, mas destrói e consome com ganância.
O nosso planeta nos serve como abrigo e fonte saciadora de nossas necessidades. Um planeta que favorece nossa evolução e nos propicia movimento e vida. Mas não é só isso. Ele nos permite manifestar esta vida, mas egoístas que somos, temos muita dificuldade em compartilhar. A maioria de nós tende a ignorar a existência prévia deste planeta sem a nossa participação. Nosso tempo e nossa história são mais relevantes que todos os outros. Tudo que nos importa é o que temos que fazer para sobreviver. A terra existia antes da vida e continuará existindo, mesmo sem ela. Os seres vivos são parte e não a essência. Vivemos em um planeta generoso que permitiu o surgimento de tantas manifestações de vida. Zilhões se incluirmos todos os reinos. E os homens pertencem, apenas a um deles – uma espécie que contem inúmeras manifestações e diferenciações.
Parmênides tinha razão. Se somos a medida de todas as coisas, então somos os responsáveis e os culpados de tudo que acontece, aconteceu ou acontecerá com este planeta azul. Mas, a sobrevivência do planeta, não é uma delas. A nossa sobrevivência é que depende deste planeta. Se ele mudar, podemos não viver para ver. A mudança climática pode afetar outras vidas das quais dependemos para nos alimentar e sem agua pereceremos, seja de forma dominante ou não.
Muitos têm esta consciência de que é preciso cuidar e manter o planeta. Mas só saber basta? Independente de quem for a culpa ou responsabilidade, nosso medo nos leva a usar nosso conhecimento e tecnologia para manter as condições ideais de vida. E já tem muita gente se ocupando e alertando sobre este problema. Precisamos da vida se manifestando em toda sua plenitude, porque para a Terra isto não faz a menor diferença. Como os vulcões, terremotos, furacões, colisões de meteoros e tsunamis, o homem também faz parte desse complexo de vida e morte, formação e regeneração. Vivemos em um planeta vivo, cuja forma de vida independe de nossas ações. Todos estes eventos fazem parte da vida deste planeta e somos apenas uma pequena parte. Uma célula? E se ela for cancerígena ou uma neoformação, seremos dizimados por isto? Mas como gostamos de nos sentirmos como um coração ou um cérebro. Pretensão pura e simples, ilusão de ser muito mais vital. Às vezes me pergunto se existe outra espécie de vida com a mesma pretensão e mais consciência.
E voltamos mais uma vez a Parmênides: se o homem é a medida de todas as coisas humanas, então cabe a ele medir, ponderar, analisar e encontrar soluções para a nossa sobrevivência. Gosto de pensar que iremos permanecer. Tenho uma fé danada na humanidade. E que a vida vingue e o homem sobreviva!
Wilson de Souza Lima